Foto/Reprodução @ado_atelier
Montar um look incrível vai além de combinar cores, estampas e texturas. Seja nas produções mais básicas do dia a dia ou nas combinações mais elaboradas, o acessório essencial que não pode faltar é a bolsa. Pensando nisso, o Fashionistando selecionou a dedo cinco marcas nacionais que estão roubando a cena e prometem conquistar seu guarda-roupa.
Com raízes no sul do Brasil, na cidade de Igrejinha (RS), a marca Antidote Ateliê, idealizada pelo modelista criativo e técnico de bolsas Mucio Mattos, incorpora a essência do trabalho artesanal, da sustentabilidade e dos princípios do slow fashion. Mas o verdadeiro diferencial da marca está no design não convencional de suas bolsas, que se destacam pela criatividade e pela execução manual.
Vale destacar a Bolsa Emy, que apresenta um formato em meia-lua, com detalhes que remetem delicadamente às pétalas de flores. Produzida em couro legítimo, é inteiramente feita à mão, valorizando o acabamento minucioso, uma das assinaturas da marca sulista.
A bolsa Louye também merece sua atenção: com um design que combina simetrias e linhas fluidas, essa peça é uma releitura moderna de um labirinto tridimensional, criando uma estrutura visual única. Para quem busca composições autênticas e cheias de personalidade, essa bolsa é uma excelente opção!
A Amélia é um modelo bucket com detalhes feitos à mão que imitam pétalas (a mesma técnica da Bolsa Emy), também confeccionada em couro legítimo, mescla funcionalidade e sofisticação em uma peça única.
Referência no mercado nacional de bolsas e acessórios, a marca brasileira Alexandre Pavão, fundada pelo paulistano homônimo, conquistou bem mais do que uma legião de admiradores e colecionadores, mas também um espaço de extrema relevância na indústria da moda nacional.
Estabelecida há pouco menos de duas décadas, a ALPV começou a atingir novos patamares ainda durante o período pandêmico. Impulsionada pela hashtag #AlexandrePavão nas redes sociais, especialmente no Instagram e TikTok, Pavão revela em entrevista ao portal FFW que o reconhecimento da marca, gerado pelas mídias sociais, aconteceu de forma orgânica, por meio da produção de conteúdo de influenciadores digitais.
O grande diferencial da marca está na sua assinatura inconfundível. Alinhado a um propósito de marca que busca a autenticidade e foge do óbvio, o diretor criativo Alexandre Pavão utiliza-se de objetos cotidianos, nada requintados, para dar vida às suas peças. Entre os materiais inusitados estão: cordas, mosquetões, mordedores de cachorro, cabos USB e até cabos de telefone.
“Quero ter um produto que faça as pessoas pensarem ‘como assim existem pessoas que compram isso?'”, afirmou Pavão em entrevista à ELLE Brasil.
Com inspiração, principalmente, fora dos circuitos tradicionais da moda, o designer Alexandre Pavão reflete sobre sua abordagem criativa, destacando que, embora se mantenha atualizado com as dinâmicas da indústria, prefere se afastar das propostas das grandes grifes internacionais para trazer inovação ao mercado. “Eu vou para a rua e tento visualizar coisas diferentes que posso incorporar nas peças. Se a gente só busca referências dentro da moda, isso vira uma grande cadeia onde uma pessoa se inspira na outra. Eu não sigo nenhuma marca”, explica.
A Adô Atelier nasce da parceria entre duas colegas da faculdade de design industrial da UEMG: Fernanda Dubal e Tatiana Azzi. Carregada pelo DNA mineiro, a marca, que transita entre arquitetura, arte e tecnologia, se destaca pelo design original e funcional de suas peças.
“Nós somos formadas em design de produto e sempre priorizamos a funcionalidade das bolsas. O design é fundamental para nós, queremos que cada peça seja atemporal e versátil, adequada para diferentes ocasiões, sem aquela divisão rígida de uso exclusivo para a noite, dia ou final de semana”, comenta Azzi.
A cartela de cores também se destaca como um ponto forte da assinatura da marca. Seguindo o caminho contrário ao de muitas marcas do mesmo setor, Tati Azzi revela ao Fashionistando que a Adô não segue o modelo de coleções sazonais. Em vez disso, as peças permanecem no catálogo, enquanto novas cores são incorporadas ao longo do tempo. Esse processo de atualização constante permite oferecer combinações cromáticas que não se encontram facilmente no mercado, trazendo exclusividade e inovação, o que, segundo Azzi, faz da Adô pioneira nessa abordagem.
“Feito no Brasil para o mundo” é o lema que guia a marca carioca de bolsas e acessórios Escudero & Co. Com um design moderno e minimalista, a inspiração para a marca idealizada pela designer gráfico Clara Tarran e o ex-bancário Renato Pereira, surge em um modesto ateliê em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, que, segundo Pereira, em entrevista ao FFW, “não tinha nem chão de cimento”.
A Escudero & Co. se destaca por seguir os princípios do slow fashion e do consumo consciente, valorizando o desenvolvimento de peças atemporais e priorizando uma cartela de cores dominada por tons neutros. Porém, nem sempre foi assim. Pereira relembra que a velocidade frenética da moda tradicional, em certo momento, passou a incomodá-los, o que os levou a relançar a marca em 2015 e a se aprofundar em um modelo mais sustentável. “A gente ainda não ouvia falar muito de slow fashion na época. (…) Nesse momento, a gente focou em canal de venda e no produto, feito em uma determinada matéria-prima e em duas cores, o que também diminui muito o desperdício”.
Embora o couro animal seja a principal matéria-prima da marca, as mentes criativas por trás da Escudero & Co afirmam saber “exatamente de quem compramos e quais são as práticas desse curtume” e estão abertas a explorar novas opções de materiais. O compromisso com a durabilidade, qualidade e o design 100% autoral, estabelecido por Tarran e Pereira, é inegociável. “Nós trabalhamos com fábricas com quem construímos uma relação muito transparente e saudável. O que acontece é que 100% das nossas bolsas partem do desenho, o que foi uma dificuldade no início porque os modelistas estão acostumados a fazer as bolsas através de imagens, de recortes de revista”, explica Renato.
Nesse contexto, Clara ressalta que a durabilidade, o acabamento e a qualidade são premissas fundamentais para qualquer novo material que venham a utilizar. Pereira complementa essa visão ao afirmar que a durabilidade do couro ajuda a evitar o consumo desenfreado e o descarte frequente. “A sustentabilidade também está em criar um produto que dure e evite o desperdício”, finaliza.
A belo-horizontina Anna Garzon é a mente criativa por trás da marca mineira que comemora, em dezembro deste ano, seu primeiro ano no mercado. Apesar de jovem, a marca carrega a experiência de mais de 12 anos de sua fundadora na indústria da moda, incluindo passagens por grandes nomes do setor, como Luiza Barcelos e o grupo Azzas 2154 — onde Anna atuou, no mercado internacional, como Head de Design e Merchandising da Schutz.
Em entrevista ao Fashionistando, a CEO da marca compartilhou detalhes sobre a trajetória de criação da Garzon Bags e explicou como o período de reflexão pessoal foi fundamental para o surgimento da empresa. “Em 2023, voltei de Nova York, onde morei por alguns anos, e passei por um momento de profunda conexão interna. (…) Foi nesse processo de autoconhecimento que compreendi que precisava focar no que faço de melhor e no que mais me traz felicidade. Assim, a Garzon nasceu desse processo.”
A Garzon Bags tem como missão revolucionar o mercado de bolsas e acessórios femininos, conectando-se com mulheres reais, intensas e autênticas. “São mulheres ligadas à arte, à arquitetura, que compreendem o que realmente está on trend. (…) Elas têm uma força feminina muito presente e veem a Garzon como um amuleto de confiança e segurança para enfrentar os desafios do dia a dia”, completa Anna.
“Somos artesãs do extraordinário!”
Esse mantra ganha vida ao unir o design elegante à funcionalidade em cada detalhe das bolsas Garzon. No entanto, para a diretora criativa da marca, o que realmente se destaca é a atemporalidade. Característica registrada da empresa, essa qualidade se reflete no uso de materiais duráveis e nos detalhes da icônica alça de metal torcido. Mais do que uma escolha estética, a torção do metal simboliza flexibilidade e resiliência, conceitos intensamente vividos por Anna em 2023. Essa mensagem de superação, incorporada ao design, é o que, nas palavras da própria Garzon, “transforma o ordinário em extraordinário.”
Embora a torção hoje seja vista apenas na alça, Anna Garzon está aberta à evolução da marca e afirma que novas interpretações desse elemento serão exploradas futuramente em outros aspectos das bolsas.
Que tal parar de sonhar com uma it bag de uma marca gringa, olhar para o nosso mercado, fortalecer a economia local e garantir uma bolsa “made in Brazil”? Somos fãs de todas as marcas desta matéria!
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