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Vogue Brasil e Osklen: os exemplos que NÃO precisamos nessa pandemia

A pandemia tem nos feito reavaliar valores e ações. Acreditamos profundamente que não dá para sairmos dessa igual entramos. O mundo já mudou e disso não temos dúvida. Mas essa transformação só será de fato benéfica se nós – cada um de nós – também mudarmos.

Para isso, é preciso estar atento a posicionamentos e atitudes de todos os lados. E isso inclui, é claro, tudo aquilo que consumimos. Não dá mais para fechar os olhos para empresas que negam a realidade, que não assumem um papel social que corresponda ao status a que foram elevadas.

Temos procurado, incessantemente, dar espaço para pessoas e empresas que fazem um trabalho que admiramos. Acreditamos que temos o dever de usar esse canal para trazer o que há de melhor para nossos leitores, assim como enaltecer aqueles que se dedicam a dar o seu melhor naquilo que proponham fazer.

Mas também acreditamos que não dá para se calar diante de atitudes que vão contra aquilo que tanto valorizamos. Omitir-se em um momento tão crítico desses também é ser cúmplice. Por isso, precisamos falar sobre dois exemplos que traduzem tudo o que não precisamos nesse momento.

Vogue e o “novo normal”

Há poucos dias, publicamos aqui um artigo enaltecendo as revistas, que estão sendo responsáveis em documentar esse momento histórico de forma sensível e emocionante. Demos exemplos de veículos nacionais, como a Cláudia, e internacionais, que mostraram, dentro de suas editorias, os impactos dessa pandemia no mundo.

E aí fomos negativamente surpreendidos pela nova edição da Vogue Brasil. Na capa, Gisele Bündchen vestindo roupas de marca, como a caríssima Chloé, e o título “o novo normal”. Mas o que seria para a Vogue essa nova normalidade? Afinal, pela sua capa, não há nada de novo sob o sol. O que vemos é Gisele – sempre maravilhosa – exibindo toda sua beleza em peças minimalistas.

Em um cenário normal, isso já não teria nada de inovador; apenas mais do mesmo. Em meio a uma pandemia? Podemos dizer que chega a ser irresponsável essa glamourização. A Vogue representa o microcosmo de uma elite brasileira alienada que ainda usa o discurso de que a economia não pode parar, enquanto vidas se perdem em corredores de hospital.

Que novo normal é esse que vem vestido de marca francesa e tem o rosto da modelo mais bem paga do mundo? Na realidade fora dos condomínios de luxo de madames preocupadas com seus 500 pares de sapatos o que vemos é profissionais de saúde sem equipamentos básicos para salvarem vidas; moradores de rua sem o mínimo de higiene para se protegerem; comunidades inteiras sem água potável. O novo normal não tem cheiro de Chanel; ele clama por sabonete.

Não dá, Vogue! Passou da hora de sair dessa bolha e agir com responsabilidade, honrando a posição que ocupa no mercado.

A Osklen e a máscara de luxo

Na mesma linha de irresponsabilidade social, porém ainda aliada a um oportunismo econômico, temos a Osklen. A marca anunciou em sua loja virtual a venda de máscaras de tecido por R$147,00. Para justificar o valor astronômico, ela anunciou que, a cada modelo vendido, doaria uma cesta básica.

Vamos à problematização: a Osklen pertence à Alpargatas, empresa líder no setor de calçados na América Latina e detentora de outras marcas como Havaianas, Dupé e Topper. Em 2015, a Camargo Correa vendeu o controle da Alpargatas para dona da JBS, a holding J&F, por 2,66 bilhões de reais.

Será mesmo que uma empresa bilionária precisa vender máscaras a esse valor para cumprir o dever mínimo de doar cestas básicas (que devem custar 1/3 do valor do produto) para comunidades carentes?

A Osklen gosta de se promover como uma marca sustentável. Seria muito mais coerente com esse discurso produzir máscaras com restos de tecidos usados para produção de suas peças e vendê-las a preço de custo, revertendo 100% dos lucros para alguma entidade. Ou, pelo menos, produzir essas máscaras e doá-las para aqueles que não têm condições de comprar uma.

A decisão de vender esse item como um acessório de luxo mostra apenas o oportunismo da marca, buscando atender àquela mesma elite que não vê o grande erro da Vogue e está preocupada apenas com seu closet grifado.

É isso que queremos nesse “novo mundo”? Se esse for o “novo normal” preferimos que não haja normalidade.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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Manoel Verícimo

A Osklen é muito malvada.
Vai obrigar as pessoas a comprarem as máscaras.
Fora Osklen!

Ilse Helena Riehs

Sem noção!

Manoel Verícimo

Quem?

RQB

Feliz pela autora da matéria, Tati Barros, ter percebido que pessoas morrem aos montes em nossos hospitais, ruas e favelas graças aos aproveitadores… Isso acontece no Brasil há mais de 500 anos, querida.
Bem vinda a realidade!

Sandro Aléssio

Essa é a elite econômica brasileira em sua essência.

Ilse Helena Riehs

Não só a Vogue ou a Osklen são oportunistas, a “queridinha” dos alienados de luxo também se inclui nesta lista. É hipócrita ao militar por um planeta mais limpo quando ganha milhões fazendo campanha para conhecida marca de jóias sendo q o garimpo de ouro é altamente poluidor e destrói tudo onde é feito. É hipócrita quando ganha milhões de grifes de luxo que são conhecidas pela exploração de trabalho em condições sub humanas na China, Índia, etc… Vamos ser mais coerentes e cobrar coerência de governantes, celebridades, influenciadores, consumidores….