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Lições de vida de Coco Chanel!

Sou uma admiradora da história de vida de Coco Chanel. Sua irreverência é inspiradora! Para aqueles que não conhecem sua trajetória, eis aqui um breve panorama: nascida no sul da França, em 1883, Coco Chanel foi abandonada pelo pai, aos seis anos de idade, em um convento, após a morte de sua mãe. Lá aprendeu a costurar com as freiras, mas não levou o aprendizado a sério – fazia chapéus por puro divertimento. Isso até precisar usar desta habilidade para tornar-se uma mulher independente.

Ao sair do convento, foi dançarina de cabaré por anos, o que lhe permitiu conhecer homens da alta sociedade e, consequentemente, se envolver com eles. Nesses meandros de sua vida, um rico industrial inglês, apaixonado por ela, resolveu financiar sua primeira loja de chapéus. Chanel aceitou a oferta, porém devolveu cada centavo ao amante – estamos falando de Chanel, uma mulher moderna e que levava a sério o seu próprio ditado: “o dinheiro é um bom criado e um mau patrão“.

A irreverência de Chanel não se restringiu aos chapéus (ela os fazia pequenos e discretos, diferentemente dos enormes chapéus da época que, segundo ela, atrapalhavam as mulheres a pensar) e, sim, foi contra a tudo que o estilo da Belle Époque impunha: Coco celebrou o movimento corporal feminino, livrando-se de espartilhos, roupas bufantes e longas madeixas; inaugurando o uso da calça, de tecidos leves e de cortes simples, de cores sóbrias e marcantes. A estilista ainda ousou tomar sol em trajes inspirados nos marinheiros – um hábito que, para aquele tempo, consistia em um escândalo, pois expunha o corpo feminino. Chanel, com sua forte personalidade, conduziu muitas mulheres à uma nova era, principalmente após a Primeira Guerra Mundial, quando o estilo enfadonho tornou-se impraticável.

Entretanto, para além dos alívios que o estilo realista de Chanel propiciou às mulheres, a história da estilista e o modo como a mesma enfrentou os valores da época em que viveu ensinam para nós, mulheres contemporâneas, como viver a vida segundo nossos próprios padrões. Chanel, antes de ser uma marca de moda e um símbolo da sociedade de consumo, foi alguém. Arrisco dizer que, se ela soubesse hoje dos desdobramentos de seu legado, provavelmente ficaria deprimida com a redução de todo o poder simbólico de sua história ao significante “consumo de luxo“.

A única personalidade de moda eleita pela revista Time como uma das cem pessoas mais influentes do século XX mereceu tal reconhecimento. Chanel ousou pensar com a própria cabeça – e em voz alta! Se pareço uma fiel defensora da marca neste texto, quero deixar claro que sou, na verdade, uma jovem inspirada pelas lições de vida de Chanel.

E se você se interessou pelas preciosas lições de vida da criadora, não deixe de conferir o livro “O Evangelho de Coco Chanel”. A autora apresenta não só a história da estilista, mas ensina como encarar assuntos como “sobreviver à paixão”, “cultivar arquirrivais”, “feminilidade”, dentre outros, ao estilo da famosa Mademoiselle Coco.

A obra é divertida e, ao mesmo tempo, um guia de reflexão. Para dar mais um empurrãozinho à esta dica de leitura, me despeço com o que considero a melhor lição que a vida deste ícone da moda nos ensina (nas palavras dela mesma): “se você nasceu sem asas, não faça nada para impedi-las de crescer“.

 

Luiza é Publicitária e Mestre em Comunicação Social (PUC Minas). É docente no Ensino Superior (IEC PUC Minas, UNA, Faculdade Pitágoras), trabalha com Produção de Moda e Estilo, fundou e coordenou um MBA em Gestão Estratégica de Negócios da Moda (Faculdade Pitágoras). Interessada em pesquisas na área, já publicou estudos envolvendo marcas como a K9, Patogê e Osklen.

Luiza Oliveira

Ver Comentários

  • Sem tirar os méritos de sua pesquisa, a adocicada narrativa sobre a vida de Mademoiselle Coco nem sempre serve como um bom exemplo a ser seguido. Recentemente, uma outra verdade sobre a vida de Ms. Coco revelou um lado um tanto qto sombrio ate entao desconhecido por uma grande maioria: A sua simpatia e apoio ao movimento nazista na Europa; ou seja, um anti-semitismo declarado.

    • Muito bem lembrado - o título de chamada da matéria é equivocado e tendencioso. Acrescento ainda o fato de não ser "exemplo de vida a ser seguido", as famílias desfeitas pelas paixões vividas por Côco - como a de Igor Stravinski. De exemplo, apenas o talento artístico.

      • Oi Cristiano, tudo bem? Veja a resposta que escrevi para a Cida, acredito que também se aplica às suas colocações. Bom, quanto ao fato de Chanel não ter se casado e ter tido, como o grande amor de sua vida, um homem casado - na minha opinião - não a coloca como a única culpada pelo envolvimento. Afinal, ele também fez a mesma escolha, concorda? Não defendo o adultério, mas também não posso atribuí-lo apenas à um único envolvido na história. Abraços e muito obrigada pela participação!

    • Olá Cida, tudo bem? Fiquei muito feliz com a sua participação e comentários, muito obrigada! Queria te dizer que, nas biografias que li de Coco Chanel, há, de fato, um envolvimento da estilista com um soldado alemão que fazia parte do movimento nazista. Durante a Segunda Guerra Mundial ela foi, inclusive, repudiada por muitos franceses pelo envolvimento amoroso, fechou as portas de sua Maison e ficou, por anos, longe de seu ateliê. Ainda assim, não há nada que comprove o seu engajamento com movimentos nazistas - o que, certamente, eu consideraria um péssimo exemplo a ser seguido. O texto não se propõe ao lado crítico dos excessos de Chanel (ela foi uma exímia workaholic, o que considero um defeito, por exemplo), mas fica a sua sugestão e propor uma segunda escrita. Abraços, com carinho, Luiza.

  • el mono vestydo de ceda,mono ciquera. o macaco vestido de ceda continua sendo macaco. pequena grande mulher.ms coco chanel.

  • el mono vestydo de ceda,mono ciquera. o macaco vestido de ceda continua sendo macaco. pequena grande mulher.ms coco chanel.

  • Concordo com a Cida quanto à tendência nazista da Coco, mas, como tudo na vida, devemos usar a peneira de nossa consciência e vingarmos o que é bom de cada pessoa. Essa mulher veio para abrir caminhos também. Defeito? Quem não os tem, né? E nem por isso deixamos de aproveitar o que as pessoas têm de bom a nos oferecer.

    • Olá Alyne, tudo bem? Respondi a Cida sobre o fato, veja o que escrevi, serve de esclarecimento. E é claro que ela abriu caminhos e merece todo o reconhecimento por seu trabalho. Obrigada pelas ponderadas considerações. Abraços!

    • Oi Lino, tudo bem? Gostaria de esclarecer que o meu texto se baseou em leituras de biografias publicadas por autores estrangeiros. Fico um pouco incomodada com a sua colocação, ao atribuir à minha nacionalidade a responsabilidade pela autoria do meu ponto de vista (que é, também, o ponto de vista dos autores que li). Como disse à Cida, o texto não consistiu em uma proposta crítica aos maus hábitos da estilista (e acredite, também tenho minhas considerações a respeito, sou brasileira, mas não sou desprovida de opinião crítica), mas entendo seus argumentos como um desafio para um segundo texto. Também gostaria muito que você desse uma lida na minha resposta para a Cida. Muito obrigada por sua participação! Abraços!

    • Oi Lino, tudo bem? Gostaria de esclarecer que o meu texto se baseou em leituras de biografias publicadas por autores estrangeiros. Fico um pouco incomodada com a sua colocação, ao atribuir à minha nacionalidade a responsabilidade pela autoria do meu ponto de vista (que é, também, o ponto de vista dos autores que li). Como disse à Cida, o texto não consistiu em uma proposta crítica aos maus hábitos da estilista (e acredite, também tenho minhas considerações a respeito, sou brasileira, mas não sou desprovida de opinião crítica), mas entendo seus argumentos como um desafio para um segundo texto. Também gostaria muito que você desse uma lida na minha resposta para a Cida. Muito obrigada por sua participação! Abraços!

  • Prezada Luisa, ja vi um documentário sobre a vida da Coco e li livros. Realmente deve figurar com mérito nessa lista.
    Quanto ao comentario da Cida, vale lembra que para um pais que nunca foi realmente invadido e participou de guerra que envolvesse TODO o país ( nem venha me falar de desejos separatistas de alguns estados). Isto não é guerra.
    Talvez reconsidere que enfrentar de frente o inimigo, principalmente Nazistas, era morte certa e demonstração de burrice. Oque essa mulher definitivamente não é.

    • Oi Irani, fico feliz que tenha uma bagagem bacana sobre a estilista - tanto pela afinidade que possuímos, quanto pela ponderação em seu comentário. É claro que envolver-se com um soldado que lutava a favor do Nazismo durante a guerra consistiu em fato polêmico e, aos olhos de muitos, condenável. Segundo as biografias, quando perguntaram à Chanel a respeito desse caso amoroso, ela ironicamente respondeu que, na idade em que se encontrava, não havia porque se preocupar em conferir a nacionalidade do sujeito. Não compartilho de sua ironia, pois uma figura pública como ela poderia ter tido uma resposta mais inteligente e esclarecedora sobre o fato. O que as biografias não nos contam é se este soldado lutava a favor do nazismo ou se estava em combate (ainda que covardemente) apenas pelo medo se também ser morto, caso fosse contra Hitler. Também não há nada nos documentos que comprovem qualquer engajamento da estilista com as políticas do movimento nazista - o que eu certamente repudiaria. E, claro, ainda há outras questões a serem consideradas - não seria o xenofobismo francês um pensamento nazista? Enfim, fico muito feliz com as críticas e ponderações aqui colocadas, certamente me prontificarei a escrever mais sobre o assunto. Abraços!

  • Se se prostituir com o chefões nazistasdurante a ocupação da França pra subir na vida for exemplo de vida...a coisa ta pior que parecia em termos de padrões éticos...é ou não é?

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