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Você já ouviu falar em Moda Circular?

Sustentabilidade, reuso e novos hábitos de consumo já estão moldando o futuro da indústria da moda e o Brasil participa dessa conversa

Reprodução/ELLE Magazine

Se você é um heavy user de conteúdos de moda nas redes sociais, com certeza já ouviu falar em moda circular. Pois é, esse conceito que viralizou no TikTok, principalmente por conta da Copenhagen Fashion Week, vem sendo desenvolvido há algumas décadas, mas foi nos últimos anos que se projetou com força no debate público. A própria CPHFW, que hoje é uma das semanas de moda mais influentes da Europa, passou a exigir que as marcas participantes atendam a critérios mínimos de sustentabilidade — como rastreabilidade, redução de desperdício e uso responsável de materiais — o que acabou pressionando o setor como um todo a se posicionar.

O cenário pós-pandemia foi o terreno fértil para que discussões sobre consumo desenfreado e a poluição gerada pela indústria têxtil ganhassem espaço. E não é pra menos: em 2023, a indústria da moda foi responsável pela emissão de cerca de 2,1 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa no mundo, e no Brasil de 2024, 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis são descartados por ano.

Para sobreviver às novas demandas do mercado, marcas nacionais e internacionais tiveram que rever seus valores, atualizar seus códigos de conduta e se adaptar a uma produção mais sustentável — pelo menos do ponto de vista das matérias-primas. Daí o boom de práticas como o upcycling, o aluguel de roupas e o second hand (ou brechó) — pasme, esse mercado já movimenta bilhões de reais no país.


CENÁRIO ATERRORIZANTE

Quando falamos do descarte massivo de resíduos têxteis e do consumo desenfreado, parece que estamos tratando de realidades distantes da nossa. Mas não, esta realidade está próxima. Bem ao lado do Brasil, na América Latina, nosso vizinho Chile abriga um dos maiores lixões a céu aberto do mundo, localizado no deserto do Atacama. Ali, o que se vê são verdadeiras “cordilheiras” de roupas, calçados e acessórios descartados por pessoas do mundo inteiro — muitas vezes peças novas, sem qualquer sinal de uso — que acabam no deserto.

Segundo a agência de notícias Associated Press, estima-se que cerca de 59 mil toneladas de roupas usadas cheguem anualmente ao porto de Iquique (Chile), vindas de países como Estados Unidos, China e Reino Unido. Dessas, aproximadamente 39 mil toneladas acabam sendo descartadas ilegalmente no deserto, formando montanhas visíveis até do espaço.

Pilha de roupas no Deserto do Atacama — Reprodução/Pinterest

O MERCADO NACIONAL ESTÁ OLHANDO PARA A MODA CIRCULAR

Falando de Brasil, as engrenagens da moda circular já começaram a se movimentar entre os grandes nomes da indústria nacional. O maior grupo de moda da América Latina, Azzas 2154, já entendeu que a mudança do padrão produtivo não é só urgente, mas também estratégica. Por isso, tem explorado novas formas de fazer moda com menos impacto em várias de suas frentes.

A Reserva (uma das marcas da Azzas 2154) lançou a campanha “Reserva Circular”, incentivando os clientes da marca a devolverem peças usadas em bom estado, oferecendo descontos em novas compras. As roupas recolhidas são destinadas a projetos sociais ou recicladas e promovem o mais importante: a conscientização acerca da reutilização e a redução de resíduos tóxicos gerados pela indústria têxtil.

E não parou por aí. De olho no crescimento do mercado second hand, o grupo também fundou a TROC, um brechó online que conecta consumidores a roupas, calçados e acessórios seminovos — muitos deles das próprias marcas do grupo. E o detalhe que atrai: algumas peças vêm direto do guarda-roupa de figuras como Bruna Marquezine e outras celebs que aderiram à lógica do reuso.

Já no varejo de grande escala, quem também direcionou os investimentos para a economia circular foi a Renner. A marca lançou recentemente um guia pioneiro de moda circular, com diretrizes práticas para fornecedores e parceiros da cadeia têxtil. O material, disponível gratuitamente online, reforça a importância de incorporar a circularidade desde o design até o pós-venda.

Reprodução/Pinterest

Além disso, mais de 80% das peças da Renner já seguem critérios de menor impacto socioambiental, utilizando matérias-primas mais conscientes e processos de menor desperdício. No Rio de Janeiro, a empresa abriu sua primeira loja circular, no Shopping Rio Sul, projetada para aplicar esses princípios de forma integral — do uso de materiais reciclados na construção até iniciativas como o programa Ecoestilo, que coleta peças usadas para dar um novo destino, e a plataforma Repassa, que incentiva a revenda de roupas em bom estado.


Agora conta pra gente: como você tem enxergado esse movimento das grandes marcas?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

Categorias:
ComportamentoModa
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