De todas as crenças que atrasam o crescimento ou evolução de uma pessoa, a pior delas é, sem dúvida, acreditar que existem pessoas especiais, com talento ou dom inato para o sucesso e que só essas pessoas seriam capazes de construir impérios ou mudar o mundo. Ao acreditar nisso perdemos o mais importante fator de crescimento que é tentativa. Ao tentar, somente duas coisas podem ocorrer: você vai conseguir ou irá aprender, não existe outra alternativa. Afinal, quantos aprendizados na sua vida vieram através do erro ou de uma tentativa frustrada?
Certa vez fui dar uma palestra sobre como ir do zero ao primeiro milhão, era uma palestra importante, para um público de centenas de pessoas. Neste evento haviam palestrantes de renome nacional e internacional, eles iriam se apresentar em um palco para quatro mil expectadores. Como cheguei cedo, fui assistir a uma dessas palestras. Percebi que comecei a sentir as mãos suando, uma insegurança misturada com medo. Já não estava mais prestando atenção na palestra que contava aquela jornada de um sucesso que parecia inalcançável, meus pensamentos foram tomados por uma auto investigação do motivo pelo qual eu me sentia, de repente, tão insegura. A palestra terminou e ainda faltavam algumas horas para a minha apresentação, fui para o camarim, fechei os olhos por um tempo e a resposta para minha insegurança veio: eu me comparei ao famoso palestrante! Ao me comparar, sem perceber, me considerei inferior, afinal minha história de empreendedorismo não se comparava àquela.
Ao descobrir o que me incomodava comecei a refletir, eu não tinha uma história de puro sucesso para contar naquele palco que estava prestes a subir, eu era uma pessoa comum. Era ali que estava minha foça, eu era como as pessoas da plateia e por isso poderia me conectar com os mesmos medos e incertezas que elas tinham. Uma história e sucesso pode até nos fazer ter admiração, mas uma história e alguém comum que conseguiu ter resultado nos negócios pode gerar mais do que admiração, pode criar conexão e identificação.
Pronto, subi no palco e a palestra foi um sucesso, com direito a fila de pessoas esperando pela minha saída para contar como se sentiram inspiradas e capazes de tentar dar o próximo passo. Eu havia cumprido a minha missão naquele dia.
Pensei muito sobre essa ideia de que o sucesso parece acompanhar e ser reservado para pessoas especiais, sei que isso não é verdade, mas por qual razão tendemos a acreditar nisso? Um dos homens mais ricos do mundo, Jeff Bezos, CEO da Amazon, só lançou seu negócio aos 30 anos de idade. Nos acostumamos a pensar que essas pessoas já são destaque desde sempre, na escola deviam ser pequenos gênios. O CEO da Amazon na adolescência ajudava a castrar animais e trabalhava em uma cozinha do Mc Donalds. Lhe parece algo especial?
Converso com empreendedores nas mentorias que me dizem achar que é tarde demais, que deveriam ter começado quando eram jovens. Não estou aqui para desmerecer os gênios como Nikolas Tesla, Einstein e outros. Mas, acredite: pessoas comuns mudam o mundo! Pegue os CEOs das maiores empresas o mundo, leia suas biografias e provavelmente encontrará pessoas comuns que foram persistentes e não desistiram diante dos desafios. Grandes gênios são exceção e como são poucos, sozinhos não teriam feito deste mundo o que temos hoje, são as pessoas consideradas comuns que realmente impulsionam a ciência, economia e fazem história no nosso planeta.
Quando as pessoas olham para minha história em uma palestra, alguém comum que conseguiu atingir grandes objetivos, elas ganham força, elas entendem que também podem tentar e que é possível conseguir. Diferente das histórias inacessíveis e grandiosas que vemos por aí.
A verdade que ninguém conta é que todos nós, vez ou outra, nos sentimos desatualizados, incapazes, com a sensação de ficar para trás neste mundo com tantas inovações a cada segundo. Quando nos sentimos assim, precisamos deixar de sermos uma pessoa “comum” para nos unirmos a outros e nos tornarmos em conjunto “comuns” no plural. Quando nos vemos como conjunto somos mais fortes, ao expormos nossos medos e fraquezas fortalecemos uns aos outros mais do que contando como aumentamos nosso faturamento no último mês.
Escolher nos identificarmos em conjunto e não no singular, nos faz entender que, assim como nós, existem bilhões de outros comuns com medos e incertezas e que estão entre nós os “comuns” que irão fazer diferença e transformar o mundo em um lugar melhor, nem que seja apenas para suas famílias ou comunidade local – o que já significa muita coisa. Afinal, não é para isso que estamos vivos? Não há problema em ser comum, o problema é acreditar que isso te impede de fazer o que você sonha!
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