Com duas edições anuais, a semana de alta-costura é uma das mais esperadas pelos amantes da moda. Ao longo de quatro dias, trinta desfiles foram apresentados, destacando-se a tradicional abertura da temporada pela Schiaparelli. Em seguida, os desfiles das grifes veteranas Chanel, Dior, Armani Privé, Valentino e Fendi. Além disso, as grandes expectativas da temporada estavam com a coleção de Jean Paul Gaultier, assinada por Simone Rocha, o terceiro desfile de alta-costura de Robert Wun e o encerramento da semana com a Maison Margiela.
Schiaparelli: conexão entre passado e presente
O desfile de alta-costura da Schiaparelli, intitulado “Schiaparalien” e criado por Daniel Roseberry, destacou-se pela conexão entre passado e presente. Utilizando elementos tecnológicos obsoletos, como calculadoras e CDs, Roseberry não apenas criou looks virais, mas também proporcionou um espetáculo visual extraordinário.
Apesar da morte de Elsa Schiaparelli em 1973, o estilista brinca com a ligação da alta-costura às raízes históricas. Equilibrando tradição e inovação, destacam-se elementos como a adaptação inesperada de calças nos desfiles. A ênfase está na construção surrealista e silhuetas exageradas, com jaquetas, decotes extravagantes, saias balonê, plumas de madrepérola que cobrem todo o corpo e referências ao espaço, universo cowboy e BDSM, oferecendo uma abordagem ousada e contemporânea. A coleção ressignifica os códigos de Elsa Schiaparelli, explorando temáticas ousadas, resultando em uma experiência provocativa e inovadora.
Grifes veteranas: elegância e inovação
Os desfiles das grifes veteranas da alta-costura para o verão 2024 destacam-se por suas abordagens distintas, revelando tendências e inovações notáveis. Na Dior, Maria Grazia Chiuri, optou por uma estética mais discreta, reintroduzindo estruturas rígidas e colaborando com Isabella Ducrot para explorar a importância do trabalho manual único na alta-costura. Por outro lado, a Chanel, sob a direção de Virginie Viard, homenageou a tradição da Maison com uma inspiração no balé, apresentando uma coleção delicada, fluída e fresca, reinterpretando a ultra feminilidade com toques de fantasia e atrevimento.
Giorgio Armani surpreendeu com a coleção Armani Privé, mesclando formas estruturadas dos anos 1950 a elementos fluidos, introduzindo transparências e decotes, enquanto Valentino, com a coleção Le Salon, proporcionou uma gama diversificada de opções, desde looks masculinos até vestidos de red carpet, celebrando a experimentação desde a liderança de Pierpaolo Piccioli, em 2016. Destaca-se o uso inovador de tecnologia na criação de texturas pela Fendi, sob a direção dos designers Kim Jones, Delfina Delettrez e Silvia Venturini Fendi. Isso ofereceu uma releitura futurista inspirada em Karl Lagerfeld, com soluções ousadas que fazem referências ao shibari e franjas de tecidos finos simulando plumas, evidenciando a diversidade e criatividade da alta-costura contemporânea.
Jean Paul Gaultier: fusão da ultrafeminilidade e ousadia
O desfile de alta-costura da Jean Paul Gaultier para o verão 2024, sob a interpretação de Simone Rocha, destaca-se pela fusão entre a ultrafeminilidade subversiva de Rocha e os códigos clássicos do icônico estilista francês. Enfatizando a tendência atual de ultrafeminilidade, a designer incorpora laços, pérolas, rendas e tules, transmitindo uma estética coquette que é uma característica de suas peças.
No desfile, a conexão entre a sensibilidade de Rocha e a veia revolucionária de Gaultier é evidente. Reinterpretando clássicos como o sutiã cônico, as camisetas listradas e os caps com um toque de sua própria estética. A coleção apresenta elementos inesperados, como costas nuas, tênis esportivos e plataformas transparentes. Isso traz uma releitura aos símbolos tradicionais da alta-costura.
Robert Wun e Maison Margiela: espetáculos na passarela
O segundo desfile do designer Robert Wun destacou-se por sua abordagem ousada e influências cinematográficas de filmes de terror. Wun, conhecido por sua estética única, trouxe à passarela a atmosfera desses filmes, proporcionando uma experiência singular à alta-costura.
Por outro lado, o aguardado desfile da Maison Margiela, sob a direção de John Galliano, encerrou a semana de alta-costura de maneira grandiosa. A atmosfera chuvosa e o cenário de um bar na ponte Alexandre III adicionaram drama à apresentação. O destaque foram as peças acinturadas, com aumento dos quadris, texturas e transparência, com criações que variaram de roupas feitas de mantas de cobertor a elementos de fetiche. As criações, fundidas com o cenário e a atuação das modelos, contribuíram para uma experiência envolvente e que reforça a moda como uma forma de arte.
Com o fim da semana de alta-costura, podemos observar fortes tendências para ficarmos de olho além das roupas. As principais tendências de beleza da temporada foram o coque estrutural; laços de cabelo; pele iridescente; aplicações 3D; iluminador colorido; lábios cherry e esfumado bordado.
Qual desfile foi o seu favorito?
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
Lívia, lendo o texto consegui me transportar imediatamente para os desfiles, que maestria na escrita, PARABÉNS..!
Amei o texto, muitoo bom! Pra mim o melhor desfile foi o da Margiela