De acordo com o estudo anual de tendências e desenvolvimentos no setor ferroviário, World Rail Market Study, da consultoria Roland Berger, 20% dos trens na Europa funcionarão com hidrogênio até 2035.
Os trens movidos a hidrogênio oferecem as maiores oportunidades para tornar as rotas sem eletrificação mais sustentáveis, uma vez que utilizam tecnologia de propulsão significativamente ecológica, pois emitem apenas vapor d’água.
No que diz respeito às principais linhas de trem de passageiros da Europa, cerca de 60% da rede ferroviária europeia está eletrificada e 80% do tráfego circula nestas linhas, de acordo com o relatório ‘Eletrificação do Sistema de Transportes’ da União Europeia, datado de 2017. Também não são publicados dados mais recentes do que 2018 para a eletrificação em todo o continente.
Os trens a diesel ainda circulam hoje, em grande parte nas rotas europeias não eletrificadas. Devido às emissões de CO2 e aos altos custos de combustível, os trens a diesel “obsoletos” e “poluidores” estão perdendo cada vez mais popularidade entre os operadores ferroviários.
Na Alemanha, o país com a maior rede ferroviária da Europa, ainda há bastante uso regional de trens a diesel, embora a eletrificação seja cada vez mais liderada para tornar as ferrovias mais sustentáveis.
Vale destacar que uma linha férrea totalmente movida a hidrogênio foi inaugurada na Alemanha, em agosto último. Uma frota de 14 trens a diesel foi substituída por trens a hidrogênio em uma rota de 100 quilômetros na região da Baixa Saxônia, uma novidade mundial, pois foi a primeira linha ferroviária a funcionar inteiramente com hidrogênio. A nova frota percorre a linha que liga as cidades de Cuxhaven, Bremerhaven, Bremervörde e Buxtehude, não muito longe de Hamburgo.
Eventualmente, essa energia deve substituir os trens movidos a combustível fóssil em outros países europeus. A ambição da Alstom, empresa que forneceu os trens na Alemanha, é substituir mais 3.000 trens regionais a diesel por trens a hidrogênio nos próximos anos.
Este será um grande passo para a descarbonização do trilho, apesar dos desafios de abastecimento impostos por essa tecnologia inovadora. Substituir trens a diesel por trens a hidrogênio tem um preço alto. O estudo da Roland Berger indica, portanto, que serão necessários grandes investimentos.
A Alemanha já apresentou um plano em 2020 para se tornar o líder mundial em tecnologias de hidrogênio dentro de uma década. Isso envolve um investimento robusto de 7 bilhões de euros. Até agora, a infraestrutura de hidrogênio necessária ainda não está em vigor, deixando questionável se a própria Alemanha atingirá sua meta dentro do prazo previsto.
Além disso, nem todos os países europeus têm capacidade financeira para investir em trens de hidrogênio. “É por isso que não prevemos uma substituição de 100% dos trens a diesel por hidrogênio”, diz Alexandre Charpentier, especialista em transporte ferroviário da Roland Berger.
O hidrogênio alimentará os trens do futuro
Projetados na França, em Tarbes, e montados em Salzgitter, na Alemanha, os trens de hidrogênio da Alstom, chamados Coradia iLint, são pioneiros no campo. Essa tecnologia é a forma preferida de reduzir as emissões de CO2 e substituir o diesel.
A nova frota da Alemanha, que custou 93 milhões de euros, evitará gerar 4.400 toneladas de CO2 por ano, segundo a LNVG, operadora regional da rede. Desde 2018 são realizados testes comerciais nesta linha, com a circulação de dois trens de hidrogênio.
Outras ligações ferroviárias se seguirão – a Alstom assinou contratos para várias dezenas de trens, na Alemanha, França e Itália, e não vê enfraquecimento da demanda. Só na Alemanha “entre 2.500 e 3.000 trens a diesel podem ser substituídos por hidrogênio”, disse Stefan Schrank, gerente de projetos da Alstom.
No Japão e Reino Unido, os trens a hidrogênio também são uma parte central dos planos para descarbonizar suas redes ferroviárias nacionais. Os trens de hidrogênio têm outras vantagens sobre os trens elétricos, principalmente porque podem reabastecer mais rapidamente e ir mais longe do que as alternativas elétricas.
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